As explosões provocadas por poeiras em armazéns são muito mais comuns do que se imagina, mas é uma ameaça pouco conhecida no Brasil. Este tipo de acidente pode provocar mortes e prejuízos a setores como o agronegócio, alimentício, químico, plástico, sucroalcooleiro dentre outros. Não existem estatísticas oficiais, mais a média é que entre 5 a 10 fábricas sofrem com explosões de grandes proporções por ano no Brasil, gerando danos incalculáveis ao patrimônio, risco pessoal (incluíndo mortes), além do impacto negativo a empresas.
A principal suspeita é que o manuseio ou a concentração inadequado de pós combustiveis, sejam os causadores dos acidentes destacados na imprensa, como por exemplo o desabamento de um silo de trigo em Maceió – Al. Outro acidente lembrado foi a explosão de um elevador de grãos em Londrina, com vítimas fatais. Lembramos também do incêndio nos terminais de açucar no Porto de Santos – SP, do incêndio de uma fábrica de painéis de madeira em Triunfo – RS e uma explosão seguida de incêndio em uma caldeira industrial em Rio Grande – RS.
A explosão pode ser gerada pelo acúmulo de pó em um ambiente confinado, com a presença de uma fonte de ignição, como uma faísca. A combinação pode gerar uma reação química com calor e a rápida expansão de gases. O efeito pode derrubar até mesmo um edifício.
Para efeito de comparação, um recipiente de armazenagem ou outros maquinários industriais, são projetados para suportar a pressão de 5PSIG. Quando um acidente com explosão acontece, é possível atingir facilmente de 120 a 150 PSIG.
O tamanho dos riscos depende do tipo de pó combustível e de como são processados. Quanto menor a partícula sólida, maior o risco de explosão. Os maiores riscos são com partículas combustíveis com granulometria ≤ 500 μm, dentro da faixa de concentração quando suspensas no ar ou em outro meio oxidante. Partículas em formato de plaquenas, flocos ou partículas de fibras, com tamanho maior que o comum que não passem através de peneira padrão também podem ser consideradas explosivas, pois sua aglomeração gera energia eletroestática e quando dissipadas podem causar explosão.
A avaliação do perigo é feita em testes em laboratório, reproduzidos em esferas de 20 litros ou de 1 metro quadrado, seguindo padrões especificados pelas normas ASTM, BSI ou ISO.
Para se prevenir a ocorrência de explosão de pó, é importante conhecer as seguintes características do mesmo: concentração mínima de explosão (MEC)1, energia mínima de explosão (MIE)2, granulometria, pressão máxima de explosão, temperatura de ignição de nuvem e camada de pó, concentração mínima de exigênio (LOC)3, Kst (índice de explosividade do pó) e resistividade elétrica.
O pó gerado por produtos como trigo, soja, café, arroz, batata, leite em pó, lactose, uréia, alumínio e outros componentes, são altamente explosivos. As grandes explosões, ocasionando mortos ou feridos, além de enormes prejuízos, ocorreram em armazéns de alguns destes produtos.
Apesar da gravidade, o Brasil ainda está atrasado na criação ou aperfeiçoamento de técnicas que orientem e evitem o problema, como regras de manutenção e procedimentos para a segurança e ambientes com acúmulo de pó.
Curitiba é um grande polo industrial, e a capital paranaense também recebeu novos parâmetros de segurança contra explosões e incêndios, e foi revisada a NPT (Norma de Procedimento Técnico) 27, instrução paranaense que estimula a prevenção em silos e armazéns de produtos agrícolas. Esta norma foi revisada pelo Corpo de Bombeiros e tem como objetivo aumentar a segurança na indústria e prevenir sinistros.
É importante que as empresas sigam a risca as normas que estão entrando em vigor, para se adequar à nova realidade e normalização, que evita riscos de poeiras e gases combustíveis. Para evitar a deflagração é importante a utilização de tecnologia de ponta, desta forma o incêndio será controlado com eficiência.
Mesmo com a obrigatoriedade, muitos equipamentos não são protegidos por válvulas de alívio de pressão, além de vácuo corta-chamas integrado ao equipamento. Esta tecnologia pode minimizar drásticamente os efeitos de uma explosão.
A melhor forma de garantir a segurança de uma empresa, é a avaliação de um analista de riscos, que analisará com cautela todas as áreas e estruturas.
O passo seguinte a a utilização de equipamentos de segurança para minimizar efeitos de uma detonação, com técnicas de isolamento, inertização, aterramentos, válvulas rotativas, válvulas de alívio de explosão e supressão, limpeza constante e manutenção.
Um dos mais notórios equipamentos para esta área, são os sistemas de alívio de explosão, pois este equipamento controla explosões que se desenvolvem rapidamente com alta precisão, proporcionando alto índice de segurança. Um projeto bem elaborado, com localização bem definida, é um dos ítens importantes de sua aplicação.
As explosões em locais fechados são indesejadas, e podem ter consequências devido ao risco e danos em potencial aos colaboradores, sem mencionar que os vapores inflamáveis podem causar explosões secundárias. Em algumas aplicações, a instalação de dutos que direcionem a explosão para o lado de fora são considerados, aliviando a pressão do recipiente e minimizando os estragos.
Porém, na maioria das vezes, os equipamentos de segurança estão localizados dentro dos prédios, tornando inviável a instalação de dispositivos de alívio. Para estes casos, o mais recomendado é a utilização de um abafador de explosão com corta-chamas, que permite a proteção dos equipamentos de forma segura, sem necessidade de realocar máquinas e processos, ou utilizar dutos.
De forma eficaz, a técnica de controle de pressão de combustão é um sistema ativo de resposta de supressão de explosão. Semelhante às válvulas de isolamento de atuação rápida e ao isolamento químico, os sistemas de supressão de explosão são sistemas de resposta. Um detector responde a pressão de deflagração, e envia um sinal ao painel de controle quando excede o ponto de ajuste. O painel então envia um sinal para um ativador, que libera o inibidor, a partir do seu contêiner, para a área protegida.
Depois que a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) publicou a primeira norma nacional que trata de sistemas de prevenção e proteção contra explosões, estas soluções se tornam cada dia mais obrigatórias em instalações que fabricam, processam e manuseiam partículas sólidas combustíveis.
Em vigor desde julho de 2015, , a ABNT NBR 16.385 engloba desde a definição sobre o que é explosão, até a recomendação de equipamentos que devem ser utilizados para prevenir esse tipo de acidente, passando ainda por temas como requisitos do projeto, fórmulas para calcular dispositivos de explosões e exemplos de aplicações com boas práticas de engenharia que podem ser reproduzidas em outras instalações.
Existem muitas soluções no mercado contra explosões, porém faltam profissionais na área de projetos e segurança e manutenção industrial conhecerem melhor o problema e buscarem a solução mais adequada ao seu caso antes que algum acidente aconteça.