Os colonizadores portugueses trouxeram ao Brasil a primeira muda de cana em 1532, e desde então seu cultivo vem passando por transformações. No entanto, mesmo com a mecanização dos processos, o risco de incêndio é de 97%. A queima da palha da cana é um dos principais causadores de acidentes na linha de produção.
Em São Paulo, há cerca de 150 usinas que produzem combustíveis, que registraram cerca de 400 focos de incêndio no primeiro semestre de 2018, 100 a mais que o mesmo período em 2017. No ano de 2015, a ÚNICA (União da Industria de Cana-de-açúcar) detectou uma queda de 15% na produtividade, com perdas de 40 milhões de toneladas devido a incidentes com queimadas.
No Brasil, em estados como São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Goiás, Pará e Mato Grosso do Sul, o número de usinas de açúcar é de aproximadamente 411 e 86% delas produzem combustível. O PIB deste setor pode chegar aos US$ 90 bilhões até 2020.
Segundo Sérgio José de Oliveira, 1º sargento bombeiro militar de Minas Gerais, a cultura da cana-de-açúcar é associada ao risco de incêndios. A presença da palha e tanques de armazenamento de combustíveis requer um acompanhamento refinado, pois qualquer incidente na operação poderá comprometer toda a atividade.
Uma das regras para conter os pontos de ignição, é a presença de caminhões pipa quando houver palha de cana por perto. No entanto, esta é apenas uma das medidas de segurança para preservar as instalações e produtividade. As boas práticas também incluem a instalação de equipamentos de segurança em locais estratégicos na planta de operação onde o risco é maior, além de alarmes placas de sinalização, detectores de fumaça, extintores, hidrantes e indicações para saída de emergência.
Para um bom combate e prevenção de possíveis acidentes, é primordial uma brigada de incêndio bem treinada e preparada para as necessidades exclusivas de cada instalação.
Todas as ações citadas anteriormente são previstas no PAM (Plano de Auxílio Mútuo), que é um documento desenvolvido com base na identificação dos perigos apontados pelo EAR (Estudo de Análise de Risco).
Incêndios em canaviais trazem prejuízos irreparáveis às usinas e aos produtores rurais, pois a prática da queima da palha de cana é um processo descontinuado. Hoje, os produtores trabalham no incentivo das boas práticas tanto por colaboradores, quanto a população no entorno as usinas, para evitar que focos incêndios possam acontecer.
Outra ferramenta são torres de observação, com o objetivo de identificar previamente os pontos de ignição, para o acionamento do trabalho da brigada, que irá controlar e suprimir o avanço do fogo. Outras ferramentas tecnológicas são as imagens de satélite, câmeras especiais e a atuação constante de uma equipe de campo elaborando vistorias em todas as áreas do processamento.